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SAY HELLO TO MY BOOKS

SAY HELLO TO MY BOOKS

Qua | 17.02.16

Say hello to Instagram

 Há livros no Instagram! Há fotografias (quase) todos os dias do que ando a ler, do que li, do que espero ler ou imagens relacionadas com o mundo da literatura. Se tiverem Instagram passem no "Say hello to my books", vamos partilhar imagens das nossas leituras, boa?

Há todo um mundo no Instagram relacionado com livros e a parte gira é a interacção entre quem gosta de ler e ver a criatividade de algumas contas com fotografias incríveis das leituras que andam a fazer. Vejo-vos por lá? 

 

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INSTAGRAM

 

Ter | 16.02.16

Entre Aspas #1

"Mas quando lhe apertou a mão e cruzou aqueles espantosos olhos esmeralda, soube antes de respirar de novo que ela era aquela de quem ele poderia andar o resto da vida à procura e nunca mais voltar a encontrar".

 

 

"A poesia, pensou ela, não fora escrita para ser analisada - fora feita para inspirar sem motivo,

para emocionar sem entendimento". 

 

 

"Viveste uma vida cheia e nunca nada te faltou porque as tuas necessidades são espirituais

e só tens que olhar para dentro de ti".

 

 

"Os jovens, activos e impacientes, têm sempre que quebrar o silência. É um desperdício, porque o silêncio é puro.

Une as pessoas porque só os que se dão bem uns com os outros se podem sentar juntos sem falar". 

 

 

In:

O Diário da Nossa Paixão, Nicholas Sparks 

 (nem tudo foi mau)

 

Ter | 16.02.16

O Diário da Nossa Paixão, Nicholas Sparks

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Tinha expectativas baixas para este livro e a verdade é que não conseguiu conquistar-me. Conheço os meus gostos e sei que este tipo de romances alimentados a clichés baratos não me enchem as medidas e estão longe de ser o meu género preferido. Mas nunca tinha lido Nicholas Sparks e já que há milhares de pessoas que amam os livros dele, sempre pensei que alguma coisa ele devia ter de especial. Nunca me entusiasmou mas queria lê-lo para formar a minha própria opinião e achei que devia começar com "O Diário da Nossa Paixão", já que adoro o filme. Prefiro ler primeiro o livro mas, neste caso, não me fez confusão já conhecer a história. Porque o que queria era conhecer a forma como tinha sido escrita. 

 

Percebi, nas primeiras páginas, que a adaptação cinematográfica tinha diferenças quanto ao livro. É normal. Descobri, no final, que a história contada no filme é cinquenta vezes mais interessante que a do livro. 

 

Achei a narrativa muito fraca. Os diálogos pouco credíveis. Em alguns pontos cheguei mesmo a achar a escrita amadora demais para os milhares de exemplares que este livro vendeu. Em alguns momentos senti que estava a ler aqueles romances de banca baratos. Chega a ser frustrante a forma como Sparks desperdiça uma história tão boa com uma escrita tão fraca. 

 

Um exemplo (com utilização de ele/ela mais vezes do que seria aceitável):

 

"Allie começou a tirar a camisa que ele lhe emprestara enquanto ele abria a porta, mas Noah fê-la parar.

- Fica com ela - disse - Quero que fiques com ela.

Ela não perguntou porquê, porque também ela queria ficar com a camisa". 

 

Senti que o autor contava o essencial e passava à frente, sem aprofundar, por exemplo, o passado familiar de Noah ou de quando esteve na Guerra ou ainda o relacionamento de Allie com o noivo, Lon. Temos sempre Lon como pano de fundo mas sem nunca conhecer realmente a história dos dois. Não sentimos nada quando ela fala dele, não sabemos pormenores do momento em que terminaram o noivado, nada. Teria sido interessante aprofundar essa relação para criar mais impacto na escolha dela por Noah. 

 

Mesmo quando Sparks descreve o encontro de Allie e Noah, passados catorze anos de se terem separado, toda a cena, os acontecimentos e os diálogos são muito superficiais. Não nos dá tempo para nos envolvermos com os personagens e com a sua história de amor. Se não fosse por gostar deles no filme, chegaria mesmo a afirmar que não gosto destes personagens literários. É pena que só as imagens tenham conseguido transmitir-me o sentimento entre eles, coisa que as palavras de Sparks não conseguiram. Uma desilusão. 2 estrelas. 

 

Agora vou ver o filme para compensar esta leitura.  

 

Sinopse: 

Todas as manhãs ele lê para ela, de um caderno desbotado pelo tempo, uma história de amor que ela não recorda nem compreende. Um ritual que se repete diariamente no lar de idosos onde ambos vivem agora. Pouco a pouco, ela deixa-se envolver pela magia da presença dele, do que lhe lê, pela ternura … E o milagre acontece. A paixão renasce, transpõe o abismo do tempo, as memórias perdidas, e por instantes ela volta para ele…

 

Título: O Diário da Nossa Paixão

Autor: Nicholas Sparks

Edição: Editorial Presença, 59ª edição (2014)

Ano de publicação: 1996

 Nº páginas: 158

 

Qua | 10.02.16

A sangue frio, Truman Capote

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Li-o em Janeiro deste ano e até calhou bem porque foi o mês em que completou 60 anos. Para começar digo já que se tornou num dos meus livros preferidos de sempre.

 

Temos um assassinato múltiplo numa pequena cidade do interior dos Estados Unidos, em 1959 (Toda uma família morta por dois criminosos, sem razão aparente e de forma cruel) e temos a caça caça aos assassinos enquanto se tenta compreender o que lhes vai na cabeça. São estes os ingredientes deste livro que, mais uma vez, nos mostra que às vezes a realidade supera a ficção. 

 

Truman Capote era jornalista. Foi atrás de uma notícia que leu sobre o assassinato de quatro membros de uma família, em Holcomb, uma cidadezinha no estado do Kansas. Um notícia que podia não ter passado disso mesmo... Mas Capote investigou, pesquisou, questionou e escreveu aquela que dizem ser a primeira obra conhecida como "romance de não-ficção" - ou “jornalismo literário”, como também chamam. 

 

Sabemos, à partida, que há uma família assassinada na sua própria casa e sabemos quem são os culpados: Perry Smith e Richard Hickok. Não é spoiler para ninguém. O verdadeiro enfoque não é “Quem matou?”, mas sim “Como?” e “Porquê?”. E, mesmo sabendo como termina a história, a forma como Capote nos corta a respiração ao relatar certos acontecimentos é notável. 

 

Desde o crime até à execução dos assassinos, a obra faz-nos entrar no ambiente de Holcomb, conhecer os seus habitantes, os costumes e as mentalidades da época. Capote soube utilizar o seu talento não só para escrever, mas também no trato social com as dezenas de pessoas envolvidas no crime, direta ou indiretamente. Avisa-nos, no início do livro: "O material contido neste livro não é produto da minha observação direta. Foi colhido em relatos oficiais ou é fruto de entrevistas com as pessoas envolvidas no caso".  "A intensa relação que Capote estabeleceu com as suas fontes foi determinante para o êxito da obra. Além de passar mais de um ano em Holcomb, investigando e conversando com moradores, aproximou-se dos criminosos e conquistou a sua confiança. Traçou um perfil humano e eloquente dos dois «meninos», como costumava chamar-lhes", diz a sinopse da obra. 

 

Demorou cerca de seis anos a terminar o livro. Não só pelas demoradas entrevistas e por ter que organizar todas as informações, mas porque só em 1965 (seis anos depois do crime) é que o caso ficou encerrado de vez. 

 

Aliás, há quem diga que Capote não foi totalmente imparcial nos factos narrados quanto a Perry Smith. Dizem as más-línguas que o autor estava apaixonado pelo criminoso. Certo é que passou muito tempo com eles e todos esses anos de convivência levaram a que se envolvesse no caso. Dizem que, ao terminar o livro, tinha as mãos trémulas e os olhos em lágrimas. O parágrafo final é de uma beleza tocante no meio dos factos pesados que são relatados nas últimas páginas.

 

Capote dedica grande parte da narrativa à descrição das vítimas, os quatro membros da família Clutter (os pais, a filha Nancy e o filho Kenyon). Estes são apresentados minuciosamente ao leitor, que entra dentro do seu quotidiano, gostos, manias e forma de viver. Também direciona a atenção do leitor para a vida de Perry Smith e Richard Hickok, os autores do crime, que cresceram num contexto social complicado e que nos faz entender o que os motivou àquela atrocidade. Vou dizer até que Capote humaniza os assassinos. Damos por nós a tentar compreender a sua forma de pensar e, até a ter pena da vida madrasta que lhes calhou em sorte.

 

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Foto: Richard Hickok e Perry Smith (criminosos)

 

Toda a obra é rica em detalhes, em conteúdo. A forma como Capote nos faz perceber a passagem das horas no derradeiro dia do crime, é espetacular. A maneira como nos mostra vários ângulos do que aconteceu e as diversas reações na cidade é genial. 

 

E garanto que não há NINGUÉM que comece a ler o livro e não vá rapidamente ao Google procurar imagens dos assassinos e da família Clutter. É aquele lado voyeur que todos temos. Foi também no Google que encontrei uma fotografia que Capote refere no livro. Os dois criminosos a rirem-se à saída do tribunal depois de terem conhecido a sentença, que lhes valeu a pena de morte. 

 

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A minha experiência de leitura com este livro foi incrível. Não conseguia pousá-lo. "Só mais uma página" e assim foi até ao final. Cada vez mais in love com a escrita dele, que nos agarra, que é tão simples e complexa ao mesmo tempo. Capote é mestre. Se com "Boneca de Luxo" não fiquei rendida à sua escrita, com "A sangue frio", fiquei fã. Há alguns livros - raros - que sabemos que vamos adorar, mesmo antes de virarmos a primeira página. "A sangue frio" foi um deles. E não estava enganada. 

 

Agora vou a correr ver o filme "Capote", que fez o Philip Seymour Hoffman ganhar o Óscar de Melhor Actor em 2006. E acabo aqui este post, porque por mim escrevia mais 7635446 linhas sobre este livro.

 

Sinopse: 

A Sangue Frio conta a história da morte da família Clutter, em Holcomb, Kansas, e dos autores da chacina. Capote decidiu escrever sobre o assunto ao ler no jornal a notícia do assassinato da família, em 1959. Quase seis anos depois, em 1965, a história foi publicada em quatro partes na revista The New Yorker. Além de narrar o extermínio do fazendeiro Herbert Clutter, de sua esposa Bonnie e dos filhos Nancy e Kenyon –uma típica família americana dos anos 50, pacata e integrada na comunidade–, o livro reconstitui a trajectória dos assassinos. Perry Smith e Dick Hikcock planearam o crime acreditando que se apropriariam de uma fortuna, mas não encontraram praticamente nada. Perry era um sonhador. Cresceu de uma forma conturbada e violenta, e achava que a vida lhe tinha dado golpes injustos. Dick, considerado o cérebro da dupla, queria apenas arrebatar o dinheiro e desaparecer. Presos e condenados, ambos morreram na forca em 1965.

 

Título: A sangue frio

Autor: Truman Capote

Edição: Visão (Colecção Lipton - Mestres Policiais), 2000

Ano publicação: 1966

 Nº páginas: 319

 

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