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SAY HELLO TO MY BOOKS

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Sex | 31.03.17

O que foi lido no Março Feminino?

Mulheres a ler e mulheres a ser lidas. Este Março bombou! Várias pessoas entraram na onda do Março Feminino e foram às prateleiras buscar livros escritos por mulheres, fizeram posts sobre isso, partilharam fotografias no Instagram, foi uma festa! E agora, que o mês chegou ao fim, faço um apanhado de todas as autoras que foram lidas este mês por quem entrou neste desafio (se me escapou alguma, avisem-me). De autoras clássicas a contemporâneas, portuguesas a estrangeiras, das loucas às mais românticas, houve um bocadinho de tudo. Foram cerca de 40 mulheres a ser lidas este mês, só neste desafio. Aqui estão algumas das imagens partilhadas no Instagram com #marçofeminino. 

 

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Vejam a lista de autoras e guardem as que não conhecem como sugestões para leituras futuras:

 

Jane Austen

Agatha Christie

Anne Bronte

Simone de Beauvoir

Colleen Hoover

Dorothy Koomson

Elena Ferrante

Malala Youzafzai

Suzanne Collins

Jojo Moyes

Jennifer Niven 

J. K. Rowling 

Amy Hatvany

Ruta Sepetys

Camila Lackberg

Emma Healey

Sharon Dogar 

Selma Lagerlöf

Nicola Yoon

Rupi Kaur

Nina Lugovskaia

Liane Moriarty

Patricia Highsmith

Pearl S. Buck 

Rowan Coleman

Banana Yoshimoto

Emma Cline

Cinda Williams Chima

Rosa Lobato de Faria

Joana Santos Silva

Yeonmi Park

Helena Sacadura Cabral 

Sarah Andersen 

Sue Grafton

Isabel Allende

Catarina Duarte

Robin Roe

Mafalda Rodrigues de Almeida

Shirley Jackson

Diane Setterfield

Célia Correia Loureiro

 

Em Março de 2018 estamos cá outra vez a ler apenas mulheres. Mas não deixem de dar atenção à literatura no feminino durante o resto do ano.

 

Qui | 30.03.17

Personagens Femininas Fortes do Cinema

Adoro ver filmes com mulheres fortes, poderosas, que dão uma abada aos machões desta vida e mostram que "sexo fraco" só nas cabecinhas mais ocas. Escolhi algumas personagens que me marcaram, que me inspiraram e que são personagens inesquecíveis da história da sétima arte. Algumas são produto da ficção cinematográfica, outras são baseadas em personagens literárias ou até mesmo em pessoas reais. 

 

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Dorothy (Judy Garland) - O Feiticeiro de Oz (1939)

Quem não sonhava ter aqueles cabelos compridos lindos, ser amiga de um espantalho, um homem de lata e um leão e viver uma aventura num caminho de tijolos amarelos? É um filme que faz parte da minha vida desde que me lembro de existir e ver a doce e inocente Dorothy fazer frente à bruxa dos sapatos vermelhos e ao poderoso Oz, no final, deixou-me em modo girl power desde miúda. 

Maria (Julie Andrews) - Música no Coração (1965)

A prova de que o amor e sensibilidade feminina move montanhas. Conquistou os miúdos e o pai deles com a sua simplicidade, doçura e cantoria, sem nunca cair na onda de ser a mãe e dona de casa típica. Mesmo com medo, pelo marido e pelo futuro da família, enfrentou os problemas que surgiram com a maior coragem e serenidade, inspirando confiança, bravura e tranquilidade a todos. 

Catherine (Sharon Stone) - Instinto Fatal (1992)

A prova de que conseguimos dar a volta aos homens com uma granda pinta, se quisermos. Mostra a mulher como objecto de desejo? Sim. Mas mostra também que as mulheres bonitas podem ser muito mais que isso. E que há um poder feminino que nenhum homem conseguirá jamais igualar. Há alguém que não a conheça?

Louanne (Michelle Pfeiffer) - Mentes Perigosas (1995)

Mulher. Branca. Solteira. Começa a dar aulas numa escola de um bairro complicado, com alunos pobres, revoltados, alguns agressivos. Com força de vontade, resiliência e muita sensibilidade consegue ganhar a confiança deles e ajudá-los, muito além das suas competências e deveres como professora, sem mostrar medo e ultrapassando barreiras sociais, raciais e pessoais, até.  

 

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Erin Brockovich (Julia Roberts) - Erin Brockovich (2000)

Divorciada e mãe de três filhos, não descansa enquanto não consegue provar a culpa de uma empresa na contaminação de águas numa pequena cidade, que matou algumas pessoas. Acaba por conseguir a maior indemnização de sempre numa acção judicial, não tendo desistido mesmo depois de sofrer ameaças. História verídica de uma mulher "com eles no sítio".

Bridget Jones (Renée Zellweger) - O Diário de Bridget Jones (2001)

A Bridget Jones somos todas nós, em algum pormenor, em algum momento da nossa vida. Milhões de mulheres conseguem identificar-se com ela e sentir que não estão sozinhas na luta contra o peso, nos desgostos de amor, nas vergonhas passadas no trabalho, etc. E, às vezes, é isto que precisamos. Apenas sentir que não somos ET's, que há coisas pelas quais passamos que são normais. 

Amélie (Audrey Tautou) - O fabuloso destino de Amélie Poulain (2001)

A Amélie é capaz de ser a mulher mais inspiradora desta lista. Sempre a querer fazer o bem, seja de que maneira for. Com uma graciosidade enorme. Muito feminina. 

Beatrix (Uma Thurman) - Kill Bill (2003)

É das minhas personagens preferidas de sempre! Uma badass como deve ser. Que não depende de ninguém para conseguir o que quer. Forte, inteligente, destemida e com uma pontinha de humor que lhe dá ainda mais graça. 

 

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Skeeter (Emma Stone) - As Serviçais (2011)

Enquanto as amigas da sua idade importam-se com os maridos, os filhos, as lides domésticas e que sobremesa levar para o próximo evento solidário, Skeeter corre atrás do sonho de seguir a carreira jornalística e dedica-se a escrever e divulgar os problemas das pessoas de raça negra na época, na cidade onde vivia. Acho que desta lista, se tivesse que escolher alguém para eu própria ser, seria a Skeeter. 

Lisbeth Salander (Rooney Mara) - Millennium 1: Os homens que odeiam as mulheres (2011)

Outra badass máxima. Não deixa nada por fazer. Principalmnte, numa cena em particular - que não vou descrever aqui - em que todas as mulheres do mundo se sentiram vongadas e pensaram "bem feito seu c*****". Odiava ser inimiga dela. 

Katniss (Jennifer Lawrence) - Os jogos da fome (2012)

Miúda com pêlo na venta. Valente. Voluntaria-se para os "Jogos da Fome", para salvar a irmã. Consegue sobreviver com coragem, inteligência, nunca ignorando o lado emocional. Se houvesse um ataque de zombies em Portugal, eu queria uma Katniss ao meu lado. 

Michelle (Isabelle Rupert) - Elle (2016)

Personalidade forte, mentalidade mais forte ainda. Depois de ser violada, não só não faz dramas, não se vitimiza, como vai atrás de quem o fez, com receio, mas numa postura guerreira que me deixou de boca aberta. Não me identifico com muitas das coisas que fez, mas admiro a determinação. É uma personagem fortíssima. 

 

Este é só o primeiro post do tema. Há muito mais personagens para partilhar, mas tem que ser aos poucos senão os posts ficam enormes. Mesmo que Março acabe, a inspiração do #marçofeminino continua! 

 

Ter | 28.03.17

7 Mulheres incríveis da Literatura que quero ler

Depois de falar de 7 Mulheres incríveis da Literatura que já li, hoje falo de 7 autoras que ainda não li, mas tenho muita, muita vontade. Seja porque são mulheres que estiveram à frente do seu tempo, que lutaram e lutam pelo poder e igualdade de género, porque escreveram obras que marcaram gerações e porque são verdadeiras inspirações. 

 

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Selma Lagerlöf (1858-1940)

Escritora sueca, foi a primeira mulher a ganhar o Nobel da Literatura, em 1909, "pela sua escrita caracterizada por um idealismo nobre, imaginação fértil e equilíbrio dos seus textos". Tinha 51 anos na altura, e se isto não é um grande feito, então não sei o que será. 

Antes, em 1882, Selma entrou para uma escola que formava professoras e que se preocupava com a causa feminista, incentivando a independência e o progresso social da mulher, o que muito influenciou a escritora. Chegou, a certa altura, a cortar os cabelos compridos que usava com tranças, num gesto que era visto como escandaloso, na época, e como sinal de emancipação feminina. Way to go, girl!

Tornou-se professora de História e escreveu um livro para crianças da escola primária, que ensinava a História e Geografia do seu país. Lançado em 1907 "A Maravilhosa Viagem de Nils Holgersson através da Suécia" foi um sucesso e, a partir daí, Selma nunca mais parou. Em 1890, participou num concurso de contos com alguns capítulos de um romance que estava a escrever e ganhou o seu primeiro prémio em dinheiro. Não esquecer que estamos a falar do século XIX!! Em 1891, publicou o romance completo, "A Saga de Gösta Berling", a que se seguiram "Os Laços Invisíveis", "Os Milagres do Anticristo", e "Jerusálem", este último após uma viagem ao Egipto e à Palestina, entre outras obras. Já então era considerada uma das maiores escritoras suecas. Há várias obras dela publicadas em Portugal, tanto para um público mais adulto, como para leitores mais jovens, como é o caso de "O Tesouro".

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Simone de Beauvoir (1908-1986)

Simone de Beauvoir foi uma escritora francesa, intelectual, filósofa existencialista, activista política e, sobretudo, feminista. De boas famílias, estudou na Sorbonne e escreveu desde romances a ensaios sobe Filosofia, Política e questões sociais. Teve uma relação aberta (e muito estranha) durante a vida toda com o escritor Jean-Paule Satre. Simone tinha casos com outras mulheres e permitia também traições ao companheiro, chegando a fazer arranjinhos com alunas suas e sendo acusada, posteriormente, de as seduzir. Polémicas pessoais à parte, Simone estava à frente do seu tempo. Conquistou um grau académico avançado, lutou por causas políticas e viajou bastante. 

As obras que mais tenho curiosidade em ler são "A Convidada", a primeira que publicou, em 1943, e "O Segundo Sexo", de 1949. Este livro recebeu variadíssimas críticas, pois a autora faz uma análise da opressão das mulheres, quase como um tratado do feminismo. Como existencialista, Simone acreditava que a existência precedia a essência e, portanto, não se nasce mulher, torna-se. Aquela célebre frase que vemos por aí em imagens partilhadas no Facebook. A autora argumenta que os homens tornaram as mulheres no "outro" da sociedade, usando isto como desculpa para não compreender os seus problemas, em vez de as apoirem. Escreveu que esta opressão hierárquica é a mesma que acontece em relação à raça, classe ou religião. É uma reflexão interessante e muito polémica na época, estamos a falar do final dos anos 40, na Europa. Simone argumenta que os homens estereotipam as mulheres e usam isto como uma desculpa para organizar a sociedade num sistema onde o pensamento masculino tem preeminência. Hoje, quase 70 anos depois, sabemos que esta mentalidade ainda predomina em muitos sítios. 

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Maya Angelou (1928-2014)

Maya Angelou, pseudónimo de Marguerite Ann Johnson, foi uma escritora americana, poeta e activista dos direitos civis, que lutou ao lado de Martin Luther King e Malcolm X. Ser uma mulher negra e pobre nos EUA, na altura em que nasceu, não era fácil. Foi vítima de abusos sexuais em criança e passou anos sem conseguir falar com o trauma. Foi mãe solteira ainda adolescente. Mas era uma mulher de fibra e aos 17 anos tornou-se na primeira motorista negra de autocarros em São Francisco. #girlpower! Mais tarde, tornou-se na primeira mulher negra a ser argumentista em Hollywood. #aindamaisgirlpower! Na década de 50 afirmou-se como actriz, cantora e dançarina em várias peças de teatro. 

É uma das escritoras negras mais lidas nos Estados Unidos. Entre as suas obras mais conhecidas estão "I Know Why the Caged Bird Sings", de 1969, e "Carta à minha filha:  dedicado à filha que nunca tive", de 2008 e editada em Portugal pela Estrela Polar. É pena que mais obras suas não estejam editadas em Portugal. Recentemente a sua obra "Mom&Me&Mom" foi muito falada, quando Emma Watson, actriz e feminista assumida, espalhou vários exemplares do livro pelo metro de Londres, numa tentativa de fazer chegar (boa) literatura a toda a gente.

Era tão admirada que foi até convidada a ler poesia na tomada de posse de Bill Clinton, em 1993, e na de Barack Obama, em 2009. Dois anos depois, Barack Obama entregou-lhe a maior distinção civil norte-americana, a Presidential Medal of Freedom. Foi professora de Estudos Americanos na Wake Forest University que afirmou, na data da sua morte, “era um tesouro nacional, cuja vida e ensinamentos inspiraram milhões de pessoas pelo mundo”. E o mundo precisa de mais pessoas assim

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Svetlana Alexievich (1948-data actual)

Escritora e jornalista bielorusa, foi a última mulher a ser premiada com o Nobel da Literatura, em 2015, "pela sua escrita polifónica, monumento ao sofrimento e à coragem na nossa época". Os seus livros têm sempre por base histórias reais ligadas a momentos dramáticos da História recente da humanidade. Seja "Vozes de Chernobyl", sobre as pessoas que sofreram de perto com o desastre nuclear, (é o que tenho mais vontade de ler), "Rapazes de Zinco", sobre o exército soviético que combateu o Afeganistão, "A Guerra não tem rosto de mulher", que dá voz a centenas de mulheres que revelam pela primeira vez a perspetiva feminina da Segunda Guerra Mundial ou "O Fim do Homem Soviético", que se baseia nos testemunhos de homens e mulheres pós-soviéticos, os humilhados e ofendidos, para manter viva a memória da tragédia da URSS. Svetlana dá a conhecer ao mundo histórias reais que muitas vezes ficam perdidas no tempo. Testemunhos que não nos chegariam hoje de outra forma. Merece todo o reconhecimento e mérito que tem. Como jornalista, é um trabalho que qualquer um gostaria de fazer. Admiro-a bastante. 

Já recebeu vários prémios internacionais, está traduzida em dezenas de línguas e algumas das suas obras foram adaptadas a peças de teatro e documentários.

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Xinran (1958-data actual)

Xinran é uma jornalista, radialista e escritora chinesa. Nasceu em Pequim, mas vive em Londres desde 1997. Durante oito anos, a jornalista apresentou, na China, um programa de rádio, chamado "Palavras na Brisa Nocturna" em que muitas mulheres falavam de si próprias e da sua vida, revelando o que significa ser mulher na China de hoje. Foi um sucesso tal que Xinran decidiu pôr as histórias em livro. Através dos relatos de várias mulheres que entrevistou ao longo de sua carreira, traça um panorama sobre a condição feminina da China.

Confesso que não conhecia a autora até há pouco tempo quando dei de caras com o livro "Mulheres da China", que teve que vir cá para casa e será dos próximos a ser lidos. A autora dá voz aos segredos e receios das mulheres chinesas, que contam as razões do seu sofrimento, num país onde as mulheres são vistas ainda como um ser inferior. O The Guardian escreveu: "Uma mulher quebrou o silêncio e veio revelar ao Ocidente como vivem ainda hoje as mulheres da China, em testemunhos dolorosos e comoventes". 

Em Portugal está também editado "Mensagem de uma Mãe Chinesa Desconhecida", um livro que traz testemunhos de mães chinesas que perderam ou tiveram que abandonar as suas filhas, seja como consequência da política do filho único ou da necessidade económica. Mulheres que tiveram que entregar as suas filhas para adopção ou foram obrigadas a abandoná-las nas ruas da cidade. Este é um tema que sempre me despertou interesse. Desde que me lembro que leio artigos e notícias sobre isto e estou louca para ler este livro também.  No geral, os seus livros falam de mulheres, levando a voz feminina de mães, esposas, filhas, irmãs para o mundo. 

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Chimamanda Ngozi Adichie (1977-data actual)

Devo ser a única pessoa no mundo que ainda não leu nada da Chimamanda. Está na TBR há séculos e nem sei dizer em qual das obras quero pegar primeiro. Se o "Amricanah", se A cor do hibisco" ou "O meio sol amarelo". Dizem maravilhas da sua escrita e das histórias que põe no papel. Já para não falar no "Todos devemos ser feministas", um livro que é, no fundo, o seu discurso feito no TED talk, em 2012, onde partilhou a sua experiência de ser uma feminista africana, e sua visão sobre construção de género e sexualidade. Curiosidade: este discurso foi incorporado, em 2013, na música "Flawless" da Beyoncé. Like that!

Chimamanda é nigeriana e reconhecida, hoje, como uma das mais importantes jovens autoras africanas que está a levar literatura africana aos quatro cantos do mundo. Tem um mestrado em escrita criativa e recebeu o título de Master of Arts em Estudos Africanos pela Univrsidade de Yale. Já para não dizer que foi a primeira mulher a ser Chefe da Administração da Universidade da Nigéria. Well done! 

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Malala Yousafzai (1997-data actual)

Não preciso escrever muito sobre a Malala, porque todos sabem quem é. A miúda paquistanesa que foi baleada na cabeça aos 15 anos por defender a educação feminina. Não só sobreviveu, como contou a história dela ao mundo e foi a pessoa mais nova de sempre a receber o Prémio Nobel da Paz, em 2014. Acho incrível que quando Obama a recebeu na Casa Branca, Malala tivesse sugerido que enviasse livros, canetas e professores para o Afeganistão, em vez de armas, tanques e soldados. "A melhor maneira de combater o terrorismo é através da educação", disse. Leva muito a sério o seu papel de activista pela educação e direitos das mulheres. E não vamos esquecer que é só uma miúda que, tal como nós, gosta de ler, de ver séries, de sair com as amigas... Mas ao mesmo tempo é um exemplo e uma força da natureza, que luta pelo que acredita, contra tudo e todos. A minha admiração por ela é enorme. E, porque ainda não li o seu livro, está nesta lista por tudo o que representa. 

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Sex | 24.03.17

ESPECIAL | Thrillers Psicológicos

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Durante esta semana, decorreu um Especial Thrillers Psicológicos em vários blogues ligados à literatura e ao cinema. Em cada dia da semana um blog dava sugestões de livros e filmes dentro deste género. E o que é este género? Muitas pessoas confundem thriller psicológico com terror e não é a mesma coisa.

 

Um thriller é uma narrativa controlada por um vilão. E num thriller psicológico, os personagens não estão dependentes da força física para superar os inimigos e problemas, embora aconteça, mas dão muito uso à inteligência e facilidade em manipular quem os rodeia. Aqui, os personagens dependem das suas capacidades mentais para se desenrascarem dos problemas, tentando sempre manter-se num perfeito estado psicológico. Normalmente, têm uma mente confusa e perturbada, vivem numa procura permanente pela sua identidade e mostram um fascínio pela morte. Suspense e tensão são elementos fundamentais

 

LIVROS

Decidi falar de três thrillers, num crescente, desde um mais adolescente a um mais pesado.

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Beautiful Malice (Rebecca James)

"Não há bela sem senão" em Portugal e "Bela Maldade" no Brasil.

É um thriller psicológico YA. Há que ter em conta o público para o qual está escrito, mas acho que é um bom livro para os leitores mais jovens que querem começar a ler thrillers. 

"Não fui ao enterro de Alice", é a primeira frase do livro. Temos um pequeno prólogo, no presente, em que ficamos a saber que alguma coisa de grave aconteceu entre Katherine, a narradora da história, e a sua amiga Alice. O primeiro capítulo começa então no passado, quando as duas se conheceram e a partir daí vamos acompanhando o crescendo desta amizade pouco saudável. Vai intercalando entre passado e presente. Acho que é interessante passar esta ideia de que não temos que ceder a chantagens emocionais de amigos na adolescência só porque queremos ser aceites. E há que escolher bem as amizades, desde logo. 

Basicamente temos Katherine, que muda de cidade depois de um acontecimento trágico na família, e começa a frequentar uma nova escola. Enquanto tenta lidar com os seus problemas, acaba por fazer amizade com Alice, uma rapariga extrovertida e aparentemente simpática. De uma forma sedutora, Alice prende Katherine a si e tornam-se inseparáveis. Mas este encantamento vai passado quando Katherine começa a perceber que Alice é manipuladora, fria, que consegue tudo o que quer e que por trás da fachada de menina perfeita, esconde alguns segredos. Katherine tenta afastar-se mas Alice começa a torturá-la psicologicamente e só nos apetece entrar na história para acabar com aquilo. Uma história cliché? Talvez, já vimos coisas parecidas antes, mas acho que isso não impede a leitura.

 

O talentoso Mr. Ripley (Patricia Highsmith)

Li este mês e gostei muito. Acho que muitos já viram o filme e já conhecem a história. Mas eu quis ler primeiro o livro. Começa de forma leve e segue num crescendo de paranóia e maldade que nos vai colando à história, num verdadeiro page turner. Somos surpreendidos com as atitudes repentinas e impulsivas de Tom Ripley, de quem até gostávamos no início. Sentimos que está a ser injustiçado, quando na verdade, ele é que está mal. Fez-me pensar muitas vezes no poder que a mente tem, quando acreditamos que alguém não gosta de nós, que alguém fala mal de nós e, na verdade, é tudo fruto de inseguranças e traumas nossos. Cheguei a sentir pena de Tom. Falarei mais a fundo no livro noutro post, porque acho que merece. 

 

O Psicopata Americano (Bret Easton Ellis)

Outra história que muitos já devem conhecer pelo filme, mas todos sabemos que ler é sempre uma coisa diferente. Este é capaz de ser a sugestão mais violenta desta lista, mistura thriller com um bocadinho de terror. Patrick, um jovem rico e respeitado de 26 anos, trabalha em Wall Street e à noite participa em festas regadas a droga e álcool. Até aqui tudo bem, não fosse ter um lado muito mais obscuro de sair pelas ruas de Nova York a assassinar brutalmente mendigos e a torturar prostitutas e todos aqueles que de alguma forma o aborrecem. Sem piedade e sem culpa, como se nada se passase. Toda esta violência levantou imensa polémica quando o livro foi lançado, em 1991. É difícil compreender este tipo de mentes perturbadas, mas por isso é que gosto deste género de livros. Fazem-nos tentar compreender coisas que no fundo são incompreensíveis para pessoas normais, como eu e vocês. 

 

 

Os próximos thrillers psicológicos que quero ler (por ouvir falar tão bem):

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Segunda Vida, S. J. Watson - Um verdadeiro thriller psicológico lançado pela Editorial Presença, em 2015, que me cativou logo pela sinopse. "Ela ama o marido. Ela está obcecada por um estranho. Ela é uma mãe dedicada. Ela está preparada para perder tudo. Ela sabe o que está a fazer. Ela está a perder o controlo. Ela é inocente. Ela é totalmente culpada. Ela está a viver duas vidas. Ela pode perder ambas". Protagonista feminina em conflito interior, como eu gosto. 

No canto mais escuro, Elizabeth Haynes - Outro com uma protagonista feminina cheia de problemas. Fala sobre uma mulher com transtorno obsessivo-compulsivo vive aterrorizada por um ex-namorado instável que a persegue. Outro que me cativou pela sinopse, também publicado pela Editorial Presença, em 2013.

Caixa de Pássaros, Josh Malerman - Não está editado em Portugal, mas este "Bird Box" é tão bem falado no Booktube brasileiro que me deu imensa vontade de ler. "Basta uma olhadela para desencadear um impulso violento e incontrolável que acabará em suicídio. Ninguém é imune e ninguém sabe o que provoca essa reação nas pessoas. Cinco anos depois do surto ter começado, restaram poucos sobreviventes, entre eles Malorie e dois filhos pequenos". 

Confissões, Kanae Minato - Se há livro que anda em alta no Booktube português é este. Muitas das meninas que sigo, incluindo a Cláudia, pessoa que idealizou este especial, adoraram e aconselham o livro. A história de uma professora, cujos alunos assassinaram a sua filha. Ela não quer justiça, só vingança. Foi lançado o ano passado. Leio este ano de certeza. 

 

FILMES

As outra meninas já falaram em alguns filmes do género, por isso não me vou alongar, só referir alguns de que gosto.

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A ideia deste especial foi da Cláudia (A Mulher que Ama Livros). Espero que faça mais especiais destes porque é uma forma de conhecermos livros e filmes dentro de um género especifício, recomendados por pessoas que já seguimos e confiamos nos gostos. Podem ver os posts das outras meninas que participaram aqui: 

 

Cláudia - A Mulher que Ama Livros 

Catarina - Serão no Sofá

Vera - Menina dos Policiais

Chris - O Diário da Chris

 

Qua | 22.03.17

O Reino do Dragão de Ouro, Isabel Allende

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Quando peguei neste livro, não esperava gostar tanto. Não se tornou num preferido, mas conseguiu fazer-me viajar até aos Himalaias e ao distante (e mágico) Reino do Dragão de Ouro. Fez-me viver uma aventura do outro lado do mundo, sentadinha e sossegada em casa. Não vou dizer que o livro me arrebatou, porque achei algumas partes um bocadinho cliché, noutras partes senti que a autora se repetia, houve um capítulo específico que achei muito enfadonho e o final foi o esperado.

 

Apesar disso acabou por ser, no geral, uma boa surpresa por se tratar de Realismo Mágico, género literário que ganhou notoriedade pelas mãos de escritores latino-americanos como Isabel Allenda, Gabriel Garcia Marquez e Júlio Cortázar. Caracteriza-se por incluir, na narrativa, experiências sobrenatuais em ambientes normai, por ter elementos mágicos ou fantásticos percebidos como parte da "normalidade" pelos personagens, por utilizar o lado intuitivo e sensorial como parte da percepção da realidade,por seguir tradições dissociadas da racionalidade moderna. Acabou por ser uma boa surpresa para quem anda a tentar ler mais Fantasia, como eu. 

 

É um livro que se destina a um público juvenil, mas não o achei demasiado "jovem". É o segundo volume de uma trilogia que se iniciou com "A Cidade dos Deuses Selvagens" e terminou com o "O Bosque dos Pigmeus". Eu não li o primeiro livro. Aliás, quando peguei neste nem sabia que era o segundo de uma trilogia. E não faz diferença nenhuma, porque não é uma história contínua. Todos os livros trazem as mesmas personagens, mas cada um relata uma aventura diferente, num país diferente. O primeiro livro passa-se na Amazónia, o segundo nos Himalaias e o terceiro em África. O jovem Alexander viaja com a sua avó, Kate Cold, jornalista da revista International Geographic, e é assim que vai conhecendo sítios e pessoas incríveis. Conhece Nádia no Brasil, no primeiro livro, e ela acaba por acompanhá-lo em todas as aventuras seguintes. 

 

Em "O Reino do Dragão de Ouro", o jovem Alexander Cold viaja com a sua avó, Kate Cold, e a sua amiga, Nadia Santos para o Reino do Dragão de Ouro, nos Himalaias, onde os espera muito mais que uma simples viagem turística. Vêem-se envolvidos com a Seita do Escorpião que foi contratada por um Coleccionador estrangeiro para roubar a estátua do Dragão de Ouro, símbolo máximo do reino, capaz de preservar a paz e prever o futuro da nação. Nessa jornada, enfrentam uma série de provações como animais selvagens, rapto e violência que põe em risco a sua vida. Acabam por ser ajudados por um monge budista e pelo seu discípulo, e ajudar também, eles próprios, a salvar o futuro daquele Reino. Pelo meio, fortalecem a amizade, conhecem lugares incríveis e vão prceber a importância de "ouvir com o coração", ter uma alma pura e confiar no poder da mente e do espírito. 

 

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Tenho que destacar o primeiro capítulo chamado "O Vale dos Yetis". É muito bom. Podia ser um conto por si só. É aqui que ficamos a conhecer o mestre Tensing e o seu discípulo Dil Bahadur, príncipe herdeiro, que passa doze anos sozinho com o monge, a receber formação fisíca e espiritual para um dia se tornar Rei.

 

"O seu papel era guiar o príncipe em cada fase da sua longa aprendizagem:

fortalecer o seu corpo e o seu carácter, cultivar a sua mente e

pôr à prova a qualidade do seu espírito."

 

É aqui que conhecemos yetis, seres quase primitivos, muitas vezes denominados como Abominável Homem das Neves, que vão ser muito importantes para a história. A autora acaba por nos fazer desejar que os yetis existissem mesmo. E tal como os yetis vão ter um papel importante, todas as personagens acabam por estar ligadas, desde o "casalinho" Alexander e Nadia, o monge e o príncipe, o Rei, a Seita do Escorpião, a jovem Pema e a estrangeira Judit Kinski. Vamos acompanhando esta aventura à medida que o enredo se desenrola, sempre guiados com um bocadinho de magia à mistura. 

 

Outra das coisas que mais gostei no livro foi, no meio de toda a ficção, as referências ao Budismo que o mestre Tensing ia fazendo. Disse-vos aqui que é um tema que me interessa bastante e foi muito bom ir apanhando certas frases e ideias que caiam ali no meio como um bombom.

 

"Cada um deve procurar a verdade ou iluminação dentro de si próprio, não nos outros ou em coisas externas. Por isso, os monges budistas não andam pregando, como os nossos missionários, passando, em vez disso, a maior parte das suas vidas em serena meditação, procurando a sua própria verdade". 

 

 (3.5*)

Título: O Reino do Dragão de Ouro 

Autor: Isabel Allende

Edição: DIFEL, 2004

Ano de publicação: 2003

 Nº páginas: 303

Sab | 18.03.17

Fui ver A Bela e o Monstro e tenho umas coisas para dizer...

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Adoro a Disney, adoro os filmes da Disney do "meu tempo", que é como quem diz, ter crescido nos anos 90. Dêem-me uma Pequena Sereia, uma Bela e o Monstro, um Rei Leão, uma Pocahontas ou um Aladino e sou feliz. Pois, quando soube que iam fazer este filme fiquei num misto de histerismo (há que manter a criança viva dentro de nós) e o medo de apanhar uma desilusão valente e estragarem um dos filmes da minha infância. E a verdade é que, não estrangando (porque o meu amor pelos desenhos animados é muito forte), há muitas coisas que não gostei nada neste filme. Não conseguiu atingir as minhas expectativas, que já por si não eram altas. 

 

Vamos começar pela parte boa. O que gostei: 

- Os objectos do castelo! O candelabro, o relógio, o espanador, o armário, o bule e a chávena, o piano, o banco/cão...incríveis! Muito bem feitos, com muita piada, um dos pontos fortes do filme, tal como nos desenhos animados. Era das partes que mais gostava e continuou a ser. Toda a cena quando a Bela vai jantar e lhe fazem aquele número musical e mágico ao vivo está espectacular! A música, os efeitos, a personalidade de cada um está perfeita. 

- A banda sonora. Está muito boa! Não gostei de todas as músicas que acrescentaram, muito dramáticas e num nível de qualidade inferior às que já conhecemos e adoramos... Essas estavam bonitas e bem interpretadas. Aliás, estou a escrever isto a ouvir precisamente a banda sonora

- O guarda-roupa está muito bem-feito! Adaptaram as vestes dos desenhos animados de forma perfeita. 

- Os actores que deram voz e vida aos objectos! Muito bem escolhidos e uma total surpresa no final (fiz por não saber muito antes de ir ver o filme para ser surpreendida pelo menos aí).

- O Gastão e o seu amigo LeFou (que nos desenhos era apenas um gordo tontinho e aqui ganha mais protagonismo). Bem escolhidos, bem interpretados e, sem dúvida, um dos pontos fortes deste filme. 

- Terem acrescentado aquele momento de tensão entre Gastão e Maurice na floresta. Sabemos que a produção tinha que tornar o filme mais "humano" em algumas partes e acho que esta cena encaixou bem de acordo com o seguimento da história. 

- A parte de Paris, que é novidade, onde ficamos a saber o que aconteceu à mãe de Bela, está interessante.

 

O que não gostei:

- Emma Watson. Perdoem-me os fãs, mas é uma actriz muito fraquinha. Safava-se bem com 11 anos no Harry Potter, mas aqui não está nada de especial. Falei com várias pessoas sobre isto e todas da mesma opinião. Nunca achei que fosse a escolha ideal para este papel, mas dei o beneficio da dúvida e...não! A interpretação dela não foi nada de especial e não senti emoção nenhuma (sem ser o normal por já saber a história e pelas músicas por trás que dão sempre um toque). Talvez não tenha sido bem dirigida, mas não é a primeira vez que faz filmes com magia e efeitos e acho que lhe faltou um bocadinho assim (grande) para chegar onde era preciso. 

- O Monstro muito feito em efeitos especiais. Percebo que era difícil passá-lo dos desenhos para o filme, mas estava muito "falso" em alguns momentos, podiam ter trabalho mais a maquilhagem e caracterização para não terem que recorrer tanto a efeitos na personagem. 

- O actor que escolheram para fazer de príncipe (quando deixa de ser Monstro). Nos desenhos, o principe é um granda gato e ali...que desilusão para os meus olhinhos. Achei-o feiinho, com um bocado ar de saloio e não senti qualquer empatia com ele. 

- A parte da transformação do Monstro em humano podia ter sido muito mais trabalhada. Nos desenhos é um momento super emocionante e aqui passou-se em dois segundos e já está. 

- Quando Gastão fere o Monstro com uma pistola. Não precisavam inventar tanto. Podia ter sido com arco e flecha como no original. E se tivesse a chover, melhor ainda. 

- A personagem Agatha. Eu já estava a adivinhar quem era, mas o final foi forçado. Percebo que quiseram fazer diferente dos desenhos animados para surpreender o público. Mas eu pessoalmente, não gostei. 

- A parte interior do castelo. Estou a ser picuinhas, eu sei. 

- O Monstro a cantar...não não não e não. Cena forçada e muito pateta. Nem consegui levar a sério. 

 

De resto, cenários bonitos e um bom momento passado no cinema com amigas e pipocas. Valha-nos a banda sonora no Youtube e o VHS no baú com os desenhos originais (e dobrados em brasileiro como nós gostamos). 

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 Classificação: 7/10

(e leva um sete só porque a parte emotiva também conta...senão levava um 6)

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