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SAY HELLO TO MY BOOKS

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Qua | 23.11.16

Livros: Quantidade vs Qualidade

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Comecei a pensar neste tópico quando me tornei leitora e espectadora mais assídua de blogs e canais literários e quando comecei a utilizar mais frequentemente o Goodreads. Comecei a ver as metas anuais de livros para ler de outras pessoas e a reparar que, com os meses a passar, elas iam lendo muito, mesmo muito, e atingiam a meta antes sequer de chegar ao fim do ano. Em Fevereiro já tinham lido tipo 30 livros enquanto eu só ia no quarto. E dei por mim a pensar que eram super-leitores, que tinham ali um super poder de leitura que os fazia ler tantos livros por mês e por ano. Estamos a falar de pessoas que chegam aos 100 livros, ou mais, anualmente, admitindo que não estão a mentir.

 

Se parar para pensar, lendo quatro livros por mês, um por semana, chegaríamos ao final do ano com uns 50 livros lidos. O que eu já acho muito, porque há meses em que só consigo ler dois livros, por exemplo. Sei que há gente que lê muito, que ocupa todos os tempos livres a ler, que abdica de fazer outro tipo de coisas nas horas de lazer, para avançar nas leituras. E, sim, essas pessoas provavelmente conseguem ler mais que um livro por semana. Ora, para mim, ler 100 livros por ano parece-me uma missão impossível, porque teria que ler dois livros por semana e, a não ser que esteja numa maratona literária, não dá mesmo. Admiro quem consegue!

 

Mas ler tanto por ano, não os baralha? Acabar e começar livros no mesmo dia, ler dez livros por mês, não começam a trocar histórias e personagens? Eu gosto de ler com tempo, ir deitar-me várias noites a pensar na mesma história e ter alguns dias para digeri-la quando a termino.  

 

O que já vi por aí, e é essa a questão fundamental deste post, é muitas pessoas a quererem ler rápido, livros e mais livros, para atingir um certo número de leituras por mês e por ano. E é aqui que entra a questão que nem sempre - ou quase nunca - quantidade significa qualidade. Então, priorizamos o número de livros lidos por ano ou a qualidade das histórias que lemos? 

 

Se só lermos 20 livros por ano, mas forem todas leituras espetaculares, marcantes, impactantes na nossa vida, não é melhor que ler 80 livros e não termos aproveitado nenhum, tão ansiosos que estávamos para terminá-lo e passar à leitura seguinte? E se, para ler muito, escolhem livros à pressão, curtos e facéis, e que acabam por não valer nada? Nesta loucura de querer ler sempre mais e mais num curto espaço de tempo, talvez a faixa etária mais jovem seja a que se prejudica mais.Procura leituras mais fáceis e superficiais, que não necessitem de grande tempo, dedicação ou compreensão, porque querem igualar o número de livros lidos dos amigos ou de quem seguem. Mas ler não é uma competição. E compararmo-nos aos outros é o pior que podemos fazer a nós mesmos. Seguimos alguém que atingiu 100 livros lidos em Novembro já... Não sabemos a vida dessa pessoa, a sua rotina, se trabalha muito ou está desemprega, se está sozinha ou tem família perto, cada um tem a sua realidade e compararmo-nos a alguém só vai fazer com que nos sintamos pior. 

 

Na minha opinião, ler é uma questão de prazer e não de obrigação. Devemos ler o que queremos e como queremos, mas para nós próprios e não para mostrar aos outros. O problema é que me tenho vindo a aperceber de que a ideia de um bom leitor, em muitos casos, é medida pela quantidade de livros que lê. E isso não me faz sentido. 

 

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O ponto fundamental da questão é: Será que a maioria das leituras é válida? Ou despacha-se livros à bruta para mostrar um número? 

 

Porque se lerem 100 livros por ano, certamente nem todos são bons. E se 40 forem maus, são 40% das leituras anuais traduzidas em tempo perdido. E a mim faz-me confusão perder tempo com maus livros ou histórias fracas. Posso dizer que durante 2015 e 2016 até agora apenas 2 livros, no meio de tudo o que li, eram dispensáveis. E isso nem chega a 5%. A questão é que tento escolher bem as minhas leituras. Procuro informações, vejo classificações, escolho autores e obras que sei que posso vir a gostar. E não me tenho saído mal com este esquema, porque realmente tenho gostado da grande maioria das leituras que faço. Praticamente todos os livros que leio me ensinam qualquer coisa, me fazem refletir, me trazem conforto, me abrem horizontes, me tornam uma pessoa melhor, mais culta e mais completa. E isso é excelente. Claro que nem todas as leituras que faço são dignas de 5 estrelas, algumas levam quatro, outras levam três, mas gosto da grande maioria. E isso não é melhor que ler 80 livros para marcar um número e só gostar de verdadeiramente de uns dez?

 

Com isto, posso dizer que leio uns 25 a 30 livros por ano. É pouco, pensam alguns. Talvez seja, mas praticamente tudo o que leio me enche as medidas e isso é o que mais me importa. Escolho os livros com cuidado, dou tempo a cada leitura e isto tem resultado. Há meses em que leio seis, há meses em que leio um. Leio quando tenho vontade, não me forço a pegar num livro. Se não me apetece ler durante cinco dias seguidos, não leio. Nem me obrigado a isso só porque tenho um blog sobre livros.

 

Acho que o equilíbrio é fundamental, como em tudo na vida. Tenho muitos livros que quero ler, mas o seu tempo há-de chegar. Não quero "despachar" livros. Quero aproveitá-los e, sobretudo, não sobrecarregar a mim mesma com o peso de ter que ler mais porque a média anual não é o que deveria ser. Se leio pouco por ano? Talvez. Se gostava de ler mais? Também. Mas este é o meu ritmo e é como me sinto bem. Sei que não me imponho metas irreais. Aquela ideia de "quanto mais, melhor" não se aplica a tudo na vida e, certamente, não se aplica aos livros no sentido em que falamos neste post. Claro que quanto mais livros se ler, melhor é...mas não com um prazo fixo e com uma meta estipulada à partida. 

 

Ainda que leia menos por ano do que a maior parte das pessoas que sigo nos blogs e canais literários, ainda que a minha lista de livros por ler não pare de crescer e ainda que gostasse de ler mais... A Qualidade vai sempre sobrepôr-se à Quantidade. 

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Este post é apenas uma opinião muito pessoal. Não quero atingir ninguém, nem que se sintam melindrados com nada do que disse. Foi um desabafo de muita coisa que vejo por aí, na maioria em gente mais nova. Mas se concordarem comigo, ou mesmo se não concordem nada, digam-me o que pensam nos comentários. 

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