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SAY HELLO TO MY BOOKS

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Ter | 09.08.16

No meu peito não cabem pássaros, Nuno Camarneiro

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Li-o para a Maratona Literária Fusão. Entrou na categoria "Livro com menos de 200 páginas". Pensei que ia lê-lo num instante. Enganei-me. Não é livro para isso. Exige atenção, exige calma na leitura para absorvermos tudo o que o autor nos quer transmitir. No mesmo dia que terminei "Pulp", do Bukowski, comecei a lê-lo e não foi uma escolha inteligente. A escrita de Bukowski era fluida, com um bom ritmo. Comecei este com o ritmo do outro, percebi que tinha de abrandar.

 

Li umas vinte páginas antes de parar e ir pesquisar informação sobre o livro. Já sabia que tinha três protagonistas que nunca se cruzam, com capítulos intercalados para cada um: Karl, Fernando e Jorge. Um em Lisboa, um em Nova Iorque e outro em Buenos Aires. Estes personagens representam nada mais, nada menos que três escritores importantes da literatura mundial: Kafka, Fernando Pessoa e Jorge Luis Borges. Acompanhamos vários momentos das suas vidas e o seu crescimento e amadurecimento enquanto pessoas e escritores. Encontrei esta entrevista do Nuno Camarneiro no Youtube, sem spoilers, e consegui perceber a ideia do autor para este livro e a intenção com que o escreveu. 

 

Sem contrariar a biografia oficial destes escritores, Camarneiro quis acrescentar situações e preencher os intervalos daquilo que é público e conhecido sobre as suas vidas. Não é um livro para se ler com pressa de chegar ao fim. Não nos dá essa ansiedade de querer saber o que vai acontecer. Aqui, o caminho é mais importante que a meta. Tentar compreender e assimilar todas as ideias e reflexões que o autor nos quis passar e absorver a vida que criou para estes três personagens.

 

Ainda bem que fui procurar informação. Senti uma grande motivação para continuar a lê-lo. Mas cheguei ao final com a sensação de que faltou qualquer coisa... Que andámos, andámos e não chegámos a lado nenhum. A forma como encaminhou as histórias não me preencheu. Sem contar que na sinopse é referido um cometa de uma forma tal que achavamos que vai ter uma grande importância para a história: "Em 1910, a passagem de dois cometas pela Terra semeou uma onda de pânico. Em todo o mundo, pessoas enlouqueceram, suicidaram-se, crucificaram-se, ou simplesmente aguardaram, caladas e vencidas, aquilo que acreditavam ser o fim do mundo. (...) Nos dias em que o céu pegou fogo, estavam vivos os protagonistas deste romance. (...) enquanto os seus contemporâneos se deixaram atravessar pela visão trágica dos cometas, estes foram tocados pelo génio e condenados, por isso, a transformar o mundo". 

Chegamos ao fim e afinal não. O cometa não influencia nada. Até nos passa ao lado. 

 

E só por isso dei-lhe 3.5 estrelas. Porque gostei muito da ideia original do livro e fiquei encantada com certas passagens da narrativa. É uma espécie de prosa poética, a começar por este título maravilhoso. Mas, no geral, não foi um livro que me marcou e cheguei a achar alguns capítulos um bocadinho maçadores.

 

Sinopse:

Que linhas unem um imigrante que lava vidros num dos primeiros arranha-céus de nova iorque a um rapaz misantropo que chega a lisboa num navio e a uma criança que inventa coisas que depois acontecem? Muitas. Entre elas, as linhas que atravessam os livros.

Apesar de separados por milhares de quilómetros, as suas vidas revelam curiosas afinidades e estão marcadas, de forma decisiva, pelo ambiente em que cresceram e pelos lugares, nem sempre reais, onde se fizeram homens. (...) No Meu Peito não Cabem Pássaros é um romance de estreia invulgar e fulgurante sobre as circunstâncias, quase sempre dramáticas, que influenciam o nascimento de um autor e a construção das suas personagens.

 

Título: No meu peito não cabem pássaros

Autor: Nuno Camarneiro

Edição: D. Quixote (2ª edição, 2012)

Ano de publicação: 2011

 Nº páginas: 190

 

2 comentários

  • Imagem de perfil

    Sandra

    14.08.16

    Estava inspirado o Camarneiro quando pensou neste título
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