O Carteiro de Pablo Neruda, Antonio Skármeta
(Fotografia tirada em Agosto de 2019, quando ainda se podia ir à praia de forma livre, quando estar longe das toalhas alheias
era uma escolha e não uma obrigatoriedade, quando o maior problema era espalhar protetor solar nas costas, sem ajuda.)
Gostei, mas achei que ia gostar mais. Confesso que criei um imaginário à volta deste título que, ao ler, não se confirmou. Culpa da minha mania em criar expectativas.
É um clássico contemporâneo, de 1985, que ficciona a amizade entre Mario Jiménez, um jovem e pobre carteiro da Ilha Negra e o conceituado poeta Pablo Neruda, num período politicamente instável, depois de Salvador Allende ser eleito presidente do Chile. A construção desta amizade chega-nos com algumas particularidades poéticas. É enternecedora a dedicação e admiração que o jovem tem pelo velho escritor. E destaco as bonitas metáforas que Mario aprende com Pablo para conquistar a bela e jovem Beatriz.
Ainda que tudo isto prometa uma história inesquecível, esperava que a relação entre os dois fosse mais profunda e aprofundada. Sabemos, à partida, que é um livro curto, mas o tamanho dos livros não tem relação directa com a qualidade dos mesmos. Neste caso, achei que todos os momentos importantes da narrativa são tratados superficialmente, com pouco sumo para espremer. Tanto, que à distância de 8 meses entre a leitura do livro e a escrita desta opinião, me apercebo que pouco me lembro do recheio da história. Fica a memória da sua companhia em fins de tarde na praia.
"Crescido entre pescadores, nunca suspeitou o jovem Mario Jiménez que no correio daquele dia havia um anzol
que apanharia o poeta. Ainda mal lhe entregara o pacote e já o poeta havia discernido com clarividente precisão
uma carta que tratou de rasgar diante dos seus próprios olhos".
Título: O Carteiro de Pablo Neruda
Autor: Antonio Skármeta
Edição: D. Quixote (2015)
Ano de publicação: 1985
Nº páginas: 142