O Grande Gatsby, F. Scott Fitzgerald
Vi o filme antes de ler o livro. Fui ao cinema assim que o filme estreou, em 2013, porque sou muito fã do DiCaprio, e só peguei no livro em 2015. Se estragou a experiência de leitura? Talvez. Já sabia como terminava a história e isso nunca é desejável...mas por outro lado, o filme tem imagens tão brutais que não me fez falta criar aquele ambiente no meu próprio imaginário. E falo, por exemplo, das festas megalómanas na mansão de Jay Gatsby, que estão muito bem representadas no filme e isso só melhorou a experiência de leitura nessas partes.
Diz Italo Calvino que "Um clássico é um livro que nunca acaba de dizer o que tem para dizer". É, sem dúvida, o caso de "O Grande Gatsby". É daqueles livros que se tem que ler duas, três, quatro vezes para se conseguir retirar e interiorizar todas as mensagens que o autor quis passar. É romance, mas também é tragédia. É o sonho americano em ascensão e em queda. É a multidão e a solidão de mãos dadas. É a era do jazz, das festas loucase do desencanto pelo materialismo vazio. É a ambição, com triunfos e fracassos. É o amor e o desamor, tudo na mesma história. E isto é muito para digerir em apenas uma leitura.
Publicado em 1925, a obra traz-nos um retrato dos Loucos Anos 20, com as grandes festas e grandes excessos, acabando por simbolizar toda a ideia de sonho americano no papel de Jay Gatsby. Um homem de origem humilde, que trabalhou arduamente, fazendo o seu nome e fortuna,e forçou a sua entrada numa sociedade à qual não pertence. Uma vida de fachada, aparamente com tudo o que alguém pode desejar, onde lhe falta o mais importante: a mulher que ama, Daisy, o amor perdido da juventude, agora casada com o milionário Tom Buchanan. Vamos descobrir que tudo o que faz, tudo o que construiu, é apenas para tentar tê-la de volta.
"É invariavelmente uma triste experiência, isto de olhar com os olhos diferentes para coisas
sobre as quais já havíamos exercido os nossos próprios dons de ajustamento".
A história é narrada por Nick Carraway, primo de Daisy e vizinho do Gatsby. É ele que nos relata os acontecimentos vividos pelo protagonista e por todas as personagens que o rodeiam. Nick é a personagem mais sensata e é, muitas vezes, o "grilo falante" para Gatsby. É através das suas observações que vamos perceber os pormenores da história e que vamos acompanhando a reaproximação de Daisy e Gatsby. Um romance condenado à partida, marcado por um sentimento oco, superficial e ligado ao consumismo, longe de ser o ideal de devoção e dedicação de Gatsby.
"Assim vamos teimando, proas contra a corrente, incessantemente cortanto as águas,
a caminho do passado que não volta".
Tudo isto nos leva ao final trágico e arrebatador. E, mesmo já sabendo como a história terminava, lê-la fez-me viver todos aqueles sentimentos outra vez. O meu coração voltou a doer pelo Gatsby.
"O Grande Gastby" está em todas aquelas listas que vemos por aí: 25 Melhores Romances do século XX, 100 Melhores Romances de Sempre, 1001 Livros para Ler Antes de Morrer, etc. E a minha curiosidade só aumentava ao mesmo ritmo que surgiam estas listas.
Gostei do livro, mas não fiquei mega fã, como sei que muita gente é. Talvez porque já a conhecia antes de ler. Ainda assim é a prova de que se podem escrever grandes histórias em poucas palavras. Não chega a 200 páginas e é o tamanho ideal para que só fosse contado o que realmente importa. Não gostei muito da tradução, quero voltar a lê-lo no original, em inglês.
Título: O Grande Gatsby
Autor: F. Scott Fitzgerald
Edição: Clube do Autor, 2011
Ano de publicação: 1925
Nº páginas: 184