Temos uma vencedora de pérolas feirantes
Uma senhora "muito bem" - voz anasalada, cabelo perfeitamente penteado, a tratar as filhas adolescentes por você e com um bronze de quem claramente esteve a fazer praia nas Maurícias há duas semanas - aproximou-se, sempre a olhar em volta, para as prateleiras, e com a cara mais séria do mundo pergunta:
- Vocês aqui não têm daqueles livros assim grandes (enquanto afastava as mãos para mostrar o tamanho), de capa dura, que possa usar como decoração na minha sala? Assim mesmo sobre decoração ou sobre Marrocos...
(imaginar som de grilos)
Não tenho bem ideia de qual deve ter sido a minha cara, porque sem eu dizer nada, ela acrescentou um "deixe estar...". Respondi-lhe, depois, que "não, desses não temos", a tentar controlar a minha vontade de rir/chorar - não sei bem - e de lhe explicar que melhor que servirem de decoração, veja-se bem, podemos lê-los e que é uma experiência muito mais incrível.
Respirei fundo e fui dar uma festinha aos que estavam mais à mão, numa tentativa de confortá-los depois daquela afronta.